domingo, 16 de março de 2008

A terra e a chuva

Era uma vez dois seres inseparáveis: a terra e a chuva.

Estavam sempre juntas, se viam todos os dias, se divertiam, se ajudavam, mostravam ao resto do mundo como eram unidas, como se gostavam, como riam e como compartilhavam gostos, alegrias e sonhos. Elas se tornaram um ciclo: eram muito diferentes, mas passaram a ser tão cúmplices que uma precisava da outra para poderem continuar felizes. A terra dava ânimo pra chuva aparecer, a ajudava a se formar, a se mostrar, a se jogar no mundo. A chuva, por sua vez, ajudava a terra a ser aberta pra vida, pra coisas novas, pra sonhos, pra idéias, a fazia entender que ela podia muito, só precisava querer e acreditar. Elas eram o significado perfeito para aquilo que hoje alguns chamam de amizade.

Depois de um tempo (um tempo grande, mas que parece ter passado na duração de um suspiro), algumas mudanças começaram a acontecer e a chuva e a terra tiveram que passar a se ver menos, pra tristeza delas e de todos que gostavam de vê-las sorrindo. Não foram mudanças planejadas por alguém malvado, que ficou com inveja da cumplicidade delas e quis tirar o sorriso daqueles corações. Foram aquelas mudanças que acontecem, que são inevitáveis, e que preenchem os caminhos das nossas vidas, mesmo que a gente não queira.

O que aconteceu foi que o tempo começou a mudar, as nuvens foram andando pra outros lados, as plantinhas foram nascer em outros lugares, e a chuva foi sendo chamada em outros arredores. Ela não queria, mas teve que ir, é que é assim que as coisas funcionam. A terra via pouco sua amiga, cada vez menos, e isso a entristecia, cada vez mais. A chuva passou quase a não ir mais pra lá, a vida estava chamando por ela em um lugar distante de onde estava a terra.

E então o tempo foi passando, e levou com ele alguns dias, ou alguns meses, ou alguns anos. E a terra mudou, se tranformou em dunas, grandes, claras e bonitas. Passou por um monte de coisas, cresceu, aprendeu, conheceu amigos novos, caiu, levantou, sorriu, chorou... A chuva também, conheceu um infinito de lugares, fez milhões de amigos, ficou fraca, ficou forte, foi romântica, foi agressiva, foi garoa, foi tempestade...

Mas mesmo com tudo isso, elas nunca deixaram de ser o que eram uma pra outra. Se viam pouco, mas se viam. E quando elas se encontravam, ninguém segurava, era notícia pro mundo todo ficar sabendo. Eram mais que amigas, eram o sorriso, a risada, o momento bom, o ombro pra lágrima, o abraço pra comemoração, a bronca pro erro, o conselho pra dúvida. Elas eram o olhar que dispensava palavras, elas eram a amizade, que tinha sido criada ali, por elas, e que elas estavam espalhando e doando pro mundo, pra todos que quisessem entender o que elas sentiam quando estavam juntas.

Não tem preço a amizade, nenhum preço, nada que abale, nada que destrua, nada que corrompa. A terra e a chuva continuam sendo as melhores amigas do mundo, juntas ou separadas, não importa, sempre vai ter um livro perdido em uma alguma livraria que vai chamar a sua atenção e vai fazer você abrí-lo em uma página aleatória, onde vai estar escrita uma frase que a sua melhor amiga falou pra você em um dia qualquer. E daí você vai morrer de saudades mas vai sentir o abraço dela tããão forte, que as coisas vão ficar menos tristes, e a falta que ela faz vai ficar [um pouquinho] mais suportável.

Tem amizades que não acabam nunca. E quando eu digo nunca, não estou falando de uma vida só.








quarta-feira, 12 de março de 2008

sábado, 8 de março de 2008

Definir?


Não dá pra definir.
Até Deus diria: AI MEU DEUS!
haha

(L) e risadas.
A melhor combinação;

terça-feira, 4 de março de 2008

ELA

Parada na estrada
Admira sua solidão
Entre montes distantes
Vales dormentes e espaços vazios
Ela sente falta do mundo
Do barulho, das vozes,
dos olhares voltados para ela
Olhares de dúvidas que se esclarecem
De sorrisos que se formam
De esperanças que reacendem
Queria mais dinamismo, mais pessoas,
mais amor.
Ela gostaria de ver aquele espaço
como era antes, povoado.
Já fizeram fila para encontrá-la.
Hoje, só alguns a alcançam enfim.
Está parada.
Amarela.
Quente e fria.
Ela não é gente.
Ela só diz: "Paraíso, 5 km".


Metade

Eu perco o chão, eu não acho as palavras
Eu ando tão triste, eu ando pela sala
Eu perco a hora, eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim

Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos, eu estou ao meio
Onde será que você está agora?


Adriana Calcanhoto